sexta-feira, março 25, 2005

Gasodutos - 18 anos depois

Tenho participado de construções de gasodutos em metrópoles do Brasil – Estado de São Paulo. Nos últimos 18 anos, presenciei o desenvolvimento dos métodos construtivos, o aumento da produtividade, da segurança e da qualidade, a aplicação de novas tecnologias e novos métodos de gestão. Das instalações feitas com valas escavadas a céu aberto, ao uso de instalações por perfurações direcionadas ou não direcionadas. A implantação da renovação de redes em São Paulo. A redução de impactos ambientais nas cidades também é uma realidade. Seja na execução da obra, seja na redução de poluição por substituição do óleo pelo gás. Do uso do ferro fundido como material para tubulações, passando pelo aço e chegando ao polietileno. Dos modernos métodos de revestimento anticorrosivo para redes enterradas e aéreas. O desenvolvimento de mão-de-obra específica, a formação de profissionais de engenharia especialistas no negócio gasoduto. A soldagem de aços e polietileno. O gás natural, aos poucos vai ganhando corpo em nossa matriz energética. Quero ouvir vocês (vejam também minha comunidade no orkut).

Sudamérica

Não sou exatamente um cidadão do mundo. Nem conheço algumas regiões de meu país. Mas, tive o enorme prazer de viver algumas experiências em nossa América. Um pouco organizada, um pouco desorganizada, relaxada como uma cidade praiana, concentrada como uma grande metrópole industrial. Somos desenvolvidos, subdesenvolvidos, enfim, temos um estilo de vida criticado, invejado...um paradoxo. A língua – ou línguas – nos aproxima. Temos origens comuns. Nos sentimos em casa em São Paulo, Santiago, Rio de Janeiro, Curitiba, Buenos Aires e lugarejos pobres. A América do Sul dá uma lição de tolerância ao mundo. Não há perfeição. Há violência, Há desigualdades. Há felicidade. Os “barrios” têm seu charme, sua elegância, sua “deselegância discreta”. Brasileiros, Argentinos, Chilenos, Paraguaios, Uruguaios...qual a diferença? Existe. Mas são irrelevantes. Todos somos diferentes e um pouco iguais. E as fronteiras nacionais? Ainda são importantes. Parece que são resquícios da competitividade masculina. Tiveram seu papel de consolidação de culturas. O tempo passou. A integração, a tolerância, a diplomacia têm a graça da feminilidade. Esse é o futuro.

domingo, março 13, 2005

Matriz de decisão e soluções simples

Esta contou-me um amigo que não vejo há tempo. Num Domingão comum, combinou com alguns amigos e amigas para almoçarem juntos. Muita carne e cerveja, enfim, chega o momento crucial. Aquela bonitinha da ponta da mesa acabou ficando com outro ou foi embora. Tudo bem. Se ganhar é melhor, competir foi um consolo. Mas o assunto não é esse não (vamos deixar estes casos para outra estória).
O tal fulano pagou sua parte, cruzou olimpicamente a área do restaurante em direção ao estacionamento. Pegou seu indefectível Voyage Vermelho (lembram desse carro?), cheirinho de novo, limpinho...bem, vamos para casa...
Com 5min de percurso, o tal fulano foi acometido de intensas “erupções” intestinais. Era uma situação nova para ele. O que fazer? Três alternativas alimentaram sua matriz de decisão: a)cagar nas calças e seguir viagem como se nada tivesse acontecido; b)segurar as “forças da natureza” com a “alma” e ver o quanto o corpo agüenta, c)parar o carro num lugar ermo e “soltar o barrão” ali mesmo. A situação ia ficando complicada. O tempo ia passando e as soluções “a” e “b” estavam ganhando corpo. Mesmo assim, como bom planejador, o tal conseguiu raciocinar. A opção “a” seria por um lado cômoda (quem ia ver alguma coisa?), mas por outro seu carro poderia ficar com um permanente e “desagradável odor humano pós churrasco”. A solução “b” parecia atraente. O problema é que ele já estava suando frio, suas mãos escorregavam no volante. Por razões de segurança e definitivamente, a opção “c” foi a escolhida. Então, parou o carro numa espécie de acostamento com uma ribanceira não muito íngreme ao lado. Saiu do carro meio desesperado, foi descendo meio cambaleante, soltando o cinto, soltando a calça, equilibrando-se – nem ele sabia dessa sua habilidade manual, pois parecia aqueles braços robóticos multi função da indústria automobilística. Chegou ao ponto estratégico com as calças na canela. O sincronismo era tal que foi baixar e descarregar (nossa, que estrago!).
Bom, serviço feito. Eis que surge outro problema: a higienização. Senão a desvantagem da alternativa “a” voltaria à tona. Mas que coisa! Um bom planejamento – mesmo que neste estado – não previu este tipo de situação? Que falha – mortificou-se. Nenhuma folha de bananeira por perto, nenhuma flanela no carro...Olhou para baixo e viu a imagem incólume de sua cueca – que havia sobrevivido até então. Olhou para um lado, para outro, tirou a cueca dos calcanhares e limpou-se com a dita. Infelizmente a gestão ambiental não foi prevista também, pois esse artefato deve ficar lá por uns trinta anos ou mais. Foi uma solução simples e eficiente para o momento. O fulano foi embora para casa feliz, com o carro reluzente e com o “bicho solto” dentro da calça. Quanto à parte ambiental, ele pode contratar um coordenador, para isso. Você topa?

Ficar de boca fechada

Há uns cinco anos atrás, estávamos numa obra na região de Santana - São Paulo Capital - eu e mais dois engenheiros. Já estávamos no período noturno. Caminhávamos pela Voluntários da Pátria achando que as maiores decisões do mundo estavam em nossas mãos – quanta pretensão! Eis que surge em nossa frente uma cena grotesca, possível e aceita em qualquer país democrático: um travesti enorme, tentando atravessar a rua com a “graça e sutileza” de um elefante banhando-se (esforçando-se por parecer mulher).
Assistimos aquela cena com um misto de curiosidade e espanto.
Neste momento, um dos engenheiros, do alto de sua capacidade analítico científica, “confidenciou-nos” num cochicho discreto a ponto de acordar um vilgilante de prédio do outro lado de uma avenida como a Radial Leste. “É homem”.
Parecia uma sentença judicial proferida num júri popular, onde não havia mais apelação possível. Imaginei o engenheiro em questão, por um lapso de tempo, num comício na Praça da Sé, ao lado do saudoso Dr. Ulisses, proferindo apocalipticamente: “É homem”. E o público: “Óóóóóó´...”. Seria o momento de fazer um pronunciamento público tão importante? Será que as massas ovacionariam esse discurso lacônico?
Nesse momento, a “Cavalgada das Valquírias” parou. O traveco olhou para os “três paladinos do mundo” e proferiu definitivo: “sou homem mas ganho mais que vocês...ganhei R$300,00 só hoje...”.A frase soou como uma derrota para as teses sociais do primeiro engenheiro. Nos entreolhamos, enquanto o mastodonte ia-se. Não seria o caso de mudarmos de profissão, não. Mas se ficássemos de boca fechada, não teríamos que passar pela desagradável sensação de que “salvar o mundo” nos dá menos resultados que um programa de um travesti. Depois do baque, continuamos a tocar nossa causa nobre. Afinal, o se fossemos trabalhar só pelo dinheiro talvez teríamos de mudar de profissão (arrrgh!).

A calcinha e o processo de decisão

Fui às compras com uma missão inusitada dada por minha filha: comprar-lhe uma calcinha, por alguma razão não confessa. Bem isso eu nunca fiz. Como gosto desses desafios comezinhos também, resolvi encarar a parada. Cheguei à loja e articulei a pergunta à atendente:
- Eu preciso...ou melhor, você tem calcinhas para vender?
- Sim. De algodão ou Lycra?
Pronto. Primeiro impasse. Ouvi dizer que algodão é bom, porque é natural, etc.
- De algodão, por favor.
- Siga-me. Temos essas aqui. Qual modelo o senhor prefere.
Segundo problema. Fiquei pensando em calcinha em longos 5 segundos... e desisti dos pensamentos. Afinal não se tratava de minha preferência sobre calcinhas em bundas alheias. Dei uma olhadinha básica nos quadris em volta e....não.
- Só um minuto, moça, vou ligar para minha filha...
Não tive sucesso. Tentei mais uma, duas, três vezes. Nada.
Olhei para a cara da atendente com um sorriso amarelo. É, ta difícil...
Não podia ficar o dia inteiro olhando para a moça com um monte de calcinhas em minha frente. A atendente precisa produzir, vender, faturar. Eu preciso tocar minha vida, não ficar emperrado com a decisão de qual calcinha comprar. Então resolvi correr riscos calculados.
- Moça, vou levar esta.
- Ta bom.
- Essa é de algodão?
- Não.
- Vai assim mesmo.
Cheguei em casa e entreguei a calcinha para minha filha. Serviu e ficou muito boa!
Na vida é assim. Tem horas que a gente tem de correr enormes riscos calculados. Inversamente proporcionais ao tamanho da calcinha, é óbvio.

A Laranja Mecânica

No último dia 03, morreu Rinus Michels, um dos magos do futebol moderno. Muitos já devem se perguntar: “lá vem aquele papo besta de macho de boteco”. Pode ser. Vou tentar evitar isso. Rinus foi técnico da seleção holandesa de 1974. Por causa de suas camisas laranja e a maneira de jogar, ficou imortalizada com o nome do título. Nesta época fazia sucesso o filme “Clockwork Orange”, de Stanley Kubric, que emprestou ao time a alcunha.
A Laranja Mecânica encantou o mundo e os brasileiros com o futebol total. Uma revolução da tecnologia da bola para a época. O resumo do esquema de Michels era o “futebol solidário”, onde havia um ou dois craques (Cruif e Neeskens – acho que é assim que se escreve – Cruif era um maestro – fora de série), que comandavam o time e os outros que revezam-se em cobrir diversas funções, ou todas as que necessitavam de substitutos momentâneos. Um sinônimo da Laranja foi o “Carrossel Holandês”, pois os jogadores “giravam”. Não existiam funções fixas.
Tá bom, mas qual a lição disso tudo? Creio que serve de inspiração para nossa vida hoje. Acho que esse conceito de polivalência começou com os japoneses da Toyota. Você pode ser um especialista e ter humildade para substituir o menino que tira xerox em sua empresa (você sabe como fazer isso?). Tudo tem que funcionar num time. Substituir as funções de quem não pôde vir por quaisquer problemas, quem está ausente, quem não vai mais voltar...
Esse jeito meio sério, meio irresponsável (acho que é mais sério do que irresponsável), revolucionou a maneira de pensar o futebol e influenciou uma legião de brasileiros em outras áreas (isso é uma impressão minha, não uma pesquisa científica!). Estar preparado para substituir funções em sua empresa, casa, escola, é o que tem de mais moderno nas relações corporativas, familiares, sociais e outras.
Onde você joga, a posição é fixa?Você ainda acha que sua vida não tem nada a ver com futebol?

sábado, março 12, 2005

Construir coisas

Está sendo um final de semana de muito trabalho. Devemos criar condições motivadoras para que colegas deixem suas famílias e façam coisas que vão melhorar a vida de outras pessoas e que lhes abram oportunidades, que possam encarar seus filhos com o orgulho do dever cumprido. Estas pessoas que constroem são anônimos que fazem a história do progresso de São Paulo. A cada etapa concluída, temos a exata dimensão de quem são os heróis e de que grandes nomes são dependentes de braços e mentes fortes.

Inaugural

Estou começando hoje meu blog. Muito legal compartilhar algumas idéias com o público. Espero contar com a opinião de vocês visitantes e amigos.

Haroldo